sábado, 23 de abril de 2016

Meus primeiros contatos com o Russo

"Mano do céu, foi louco, o bagulho". Falantes, russo não é fácil. Das línguas que já experimentei aprender um pouco (nem que tenha sido regras de pronunciação simples e conjugações verbais das quais já esqueci de 90%, como o espanhol e o italiano), o russo foi de longe a mais filha da mãe de todas (desculpem-me). Tipo, sério- Foi fora de série. Não me leva a mal, eu adoro a língua russa, ela só é... Tudo de ruim que você pode pensar numa língua, só faltava ter ideogramas.

Okay, certo, ela não tem ideogramas, ou sons maléficos com a garganta (a letra "х" que é a mais complicada, é pronunciada com o céu da boca) como o japonês e o francês (respectivamente), mas Jesus! Casos verbais são tão grandes ao ponto de que um mesmo pronome pessoal possa ser escrito de 6 formas diferentes. Isso é triste... Muito triste. Ainda não avancei muito na língua, mas pelo visto vou avançar vagarosamente.

Após ter experimentado o amargo gosto do longo aprendizado da língua russa até a sua verdadeira realização, preferi deixá-la de lado por uns meses... Ou uns anos. Na verdade, já a troquei pelo grego há um tempinho. Mas isso não é o que importa! O que importa é que eu a amo. É uma língua bela, com uma história interessante, e com um número de falantes até aceitável.

Mas meu primeiro contato como russo foi lindo. Descobrir aquele (não tão) vasto alfabeto de 33 letras foi algo prazeroso; Essa foi a parte menos interessante, porém mais fácil da língua- Apesar das letras a mais, elas não são difíceis de aprender, ainda mais que você não é obrigado a decorar a sequência exata delas- A não ser que queira lecionar, aí já é outra coisa... O problema foi o que veio depois. Quando ouvi que letras podem ter sons diferentes quando não estão na sílaba tônica, minha expressão de felicidade se transformou em lágrimas de sal.

O sotaque russo é estranho, e de vez em quando você vai sentir dificuldades em pronunciar alguma frase. É um fato que a língua, quando traduzida ao pé da letra, se torna até engraçada! Por exemplo, Ты очен красивая, que traduzindo fica "Você é muito bonita", tem em sua tradução literal: "Você muito bonita". Se assemelha um pouquinho à forma dos neandertais de falarem. Rápida intromissão, perdão, não estou xingando a língua russa, só apontando opiniões, tudo certo?

Mas o cúmulo do desespero foi quando as informações a respeito dos "casos" chegaram ao meu ouvido. Doeu tudo no meu corpo. "Talvez eu ainda não esteja maturo para isso, ou talvez eu nem tenha o tempo suficiente para aprender uma língua tão complicada", foi o que o jovem eu disse para mim mesmo. Pois digo-lhes, meus caros, que eu estava completamente certo. Não tenho uma preparação mental forte o suficiente para isso.

Mas tudo isso é só um conjunto de argumentos, não é mesmo?

É um fato que grande parte da língua russa foi emprestada do inglês e do latim. Bem, eu falo uma língua derivada do latim desde o dia em que aprendi a... Falar... E o inglês eu falo desde que me conheço por gente, então por que o russo parece ser tão impossível para mim? Bem, na verdade é porque ele não é tão difícil. Sabe, a dificuldade está em nossa cabeça. A capacidade de argumentar a nosso favor é uma característica puramente humana, e se me permite dizer, ridícula! Usamos argumentos quase que inválidos para provar nossas opiniões, baseadas em coisas que você acha que são fatos, mas que na verdade são só mais opiniões.

O que significa isso? Isso significa que o fato de eu desistir de aprender o russo (por hora) não são os casos genitivo ou instrumental, nem mesmo a modificação do som em relação à sua tonicidade. Também não há nada de errado em relação à construção das frases ou de como tal palavra é tão grande. Não. Na verdade sou preguiçoso e essa preguiça me consume. A falta de paciência para decorar tal ponto e poder exercer outro tal ponto está me matando aos poucos. A culpa é inteiramente minha? Claro que não! Também não sou nada encorajado a aprender novas línguas, e recebo até mesmo comentários pejorativos.

Por isso, meu caro, se você quiser aprender a língua russa, ou a alemã, ou a japonesa, ou seja lá o que for que agrade o seu coração... Não tenha medo. Siga esse caminho, sem olhar para as opiniões alheias. No que se diz a cerca das línguas, não existem fatos alheios. O único fato é que a língua funciona da forma que ela funciona, e isso é uma regra. Fora disso, tudo é possível, e qualquer coisa que antes era muito difícil, acaba se tornando fácil e simples. Só basta querer, tentar, estudar e praticar. Depois disso, tudo é seu.
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quinta-feira, 21 de abril de 2016

Meus primeiros contatos com o Grego

Há não muito tempo, me dei conta da grande paixão que tenho acerca das línguas. Elas são únicas, belas, bem elaboradas, e mais importante: São nossas! Talvez a língua seja a única coisa que a gente possa dizer, com toda a certeza, que são algo completamente nosso. E pensar que a língua teve de ser desenvolvida há muitos anos atrás, me fez raciocinar sobre as primeiras surgidas. Certamente houve um grande processo que nos levou à criação de uma língua, nada surge da noite para o dia.

Mas as primeiras, as mais "rústicas", elas eram apresentadas em ideogramas! Não que os ideogramas sejam, em si, uma forma rústica de escrita, mas elas não são apresentadas de uma forma tão eficiente quanto ao alfabeto fonético, apresentado apenas anos e anos depois. Note que quase tudo que nós temos hoje, em nossas línguas, foram derivadas ou do latim ou do grego. Citando a resposta do meu professor de filosofia à afirmação do meu amigo de que "tudo nessa porr* veio do grego": "Não, não! Não é verdade! Algumas coisas vieram do latim também!".

Em um certo ponto de sua vida, você já estudou ou ainda vai estudar sobre a Grécia. E minha nossa, que lindo! É incrível estudar sobre "aqueles caras", eles me agradam em quase todos aspectos! Não somente eles em si, mas como também tudo aquilo que eles nos deram, sem falar dos inúmeros intelectuais que lá já nasceram. E é claro, a língua grega. Ah, língua grega, sua danada... Qualquer dia desses eu te pego!

Na verdade a minha paixão pelo grego surgiu antes da minha paixão pela Grécia. Estudo num colégio militar, e perante aos erros que você acomete lá dentro, você recebe um "impedimento". O que seria isso, mais necessariamente? Respondo-te antes que pergunte, meu caro: Impedimento é, de grosso modo, ir sábado para o colégio pagar uns trampos. É isso. Bem, certo dia não cortei o cabelo (parte do regulamento do colégio) e recebi um impedimento. Entretanto, naquela manhã, a punição que eles deram não foi copiar parte do manual, nem carregar livros da biblioteca até o pátio, Não, não, meus caros... Eu, juntamente a outros 20 alunos, tivemos que aprender hebráico e grego!

Enquanto eu escrevia tudo aquilo que o simpático soldado me ensinava, eu dava rápidas olhadas nas expressões cansadas e desesperadas dos meus colegas. Naquele momento entendi que nem todo mundo gosta de aprender novas línguas. Lá, eu era privilegiado. Aquilo, para mim, não foi uma punição, mas sim um prazer! Na verdade, ainda devo um agradecimento ao soldado- Afinal, foi ele que me direcionou ao poliglotismo.

Naquela aula só aprendi o alfabeto, algumas palavras básicas (assim como elas se transformaram ao longo do tempo, até chegarem a nós) e por fim, o contexto histórico em que tudo aquilo se originou. Foi impressionante. O soldado, digo, meu professor, estudou por toda a sua vida diversas línguas. Francês, italiano, grego, latim, hebráico, e por aí a lista segue, incansavelmente. Ele é algo que alguns gostam de chamar de superpoliglotas (6 línguas ou mais). E, interessantemente, é nele que me espelho todas as vezes antes de estudar para alguma coisa.

Enfim! É esse tipo de situação inesperada que mais nos agrada quando, em nossos momentos mais pensativos, voltamos ao passado. E se assim como eu você estiver interessado em aprender o grego, só lhe digo uma coisa, parçã: καλή τύχη! (Boa sorte)
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